quinta-feira, 27 de outubro de 2011

8- O limiar entre o real e o imaginário

Ela espichou os olhos para a janela, meio tristonha . “ Bem... Já tenho que ir.” Ela se levantou.Antes que eu pudesse ficar triste Ela exclamou, temerosa “Já está escurecendo!”. Não ia perder uma oportunidade dessas, e o mais importante, saberia que ela ia chegar bem em casa. Segura e confortável. “Se quiser” sugeri me levantando junto “eu posso te acompanhar até perto da sua casa...” me calei por um estante “se você não se incomodar claro.” Ela sorriu e pegou na minha mão quando as portas se abriam. Eu senti congelar, depois, corar. “Seria legal”.

Pela primeira vez, fiquei feliz em ver o ônibus indo embora. Pois desta vez, excepcionalmente, ela estava do meu lado. Que coisa extraordinária! Ela estava do meu lado!

O vento continuava a soprar, e com ele, trazia gotículas de água, em uma chuva rápida e escassa. A rua tinha algumas árvores baixas crescendo na calçada, todas sem folhas, balançavam com o vento. Prédios pequenos, de três ou quatro andares, pintados de cores claras, humildes, porém graciosos. Será que ela morava em um deles?

Olhei para ela; estava de vestido e só tinha uma jaquetinha aquecendo os ombros. Pensar que ela estava com frio, me gelava o corpo todo. Fui instintivo, nem ousei em pensar duas vezes “Você não quer meu casaco?” perguntei. Ela olhou para mim, quase que incrédula “E você vai se aquecer como?” Ela me perguntou. Fiquei sem resposta por um tempo. O que eu deveria responder agora? “Eu não estou com frio.” “ E nem eu.” respondeu ela. Será que era verdade? Ela estava tão mal- agasalhada. Mas eu não deveria insistir. Corria risco de parecer obsessivo, talvez ela fosse pensar que minhas intenções eram outras.

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