Blog pessoal da Carol. Mantenho o blog desde 2009 para compartilhar histórias e sentimentos que eu não sei como lidar.
quinta-feira, 29 de março de 2012
“La Niña de Guatemala”
12- Climax e por aí vai
Seus dedos finos estavam se enrolando nos meus pelos do peito. Eu a abraçava extasiado. Eu faria qualquer coisa por essa mulher. Eu estava muito envergonhado por ser tão pobre e tosco. Se eu quisesse me casar com ela (e queria) eu tinha que trabalhar, conseguir dinheiro, para comprar uma casa boa e bonita, para quando, quem sabe, nós tivéssemos filhos eu pudesse sustentá-los, dar-lhes uma boa educação, para que não passassem por isso quando conhecerem o amor da vida deles.
Sentia que poderia trabalhar direto, todos os dias da semana, só para ter uma hora, domingo à noite, para quando chegar em casa, ver ela. Te-la para si, como estava naquele momento. Acariciei as suas costas com a ponta dos dedos. Ela tinha uma pele tão macia. Tão perfeita, tão branquinha. Chegava a ser feia a comparação entre a minha mão, morena, seca e áspera com aquela pele de Afrodite. “Sua pele parece um pêssego” eu disse para ela. “Doce e com pelinhos?” ela perguntou , ironizando. Eu sorri e apertando-a mais um pouco contra mim respondi “Aveludada”. Ela não me respondeu nada. Ambos suspiramos. “A propósito, eu ainda não sei o seu nome” ela subiu até ter os olhos na altura dos meus “ Você não precisa saber. Eu não preciso ter nome. Basta dizer que sou toda sua. E que eu serei para sempre.” Nos beijamos.
Um beijo era mais doce que outro. Parece que as semelhanças dela com um pêssego eram sim, mais que uma. Mordi meu lábio quando o beijo se encerrou. Ainda podia sentir os lábios dela nos meus. Tudo nela era perfeito, até mesmo o cheiro que ela exalava era doce e suave.
Ela levantou por um estante da cama. “ Vou lavar o rosto” Ela disse, e foi andando até o banheiro. Eu tive vontade de levantar e ir com ela, mas sabia que isso seria idiota. O jeito era esperar ela voltar. Escutei o ranger agudo da torneira, depois a água saindo de dentro. Espero que a água não esteja enferrujada. Tomara que não esteja. Escutei o ranger novamente. Ela voltou. Deveria eu perguntar sobre a água? Ou fingir que minha água nunca foi enferrujada?
Esqueci o que eu estava pensando, momentaneamente, quando ela deitou em cima de mim novamente. Abracei-a. Porque sempre tinha que ficar longe de mim?
quarta-feira, 28 de março de 2012
Atual Return to Sender (Elvis Preslay)
sábado, 24 de março de 2012
Coração dominando o cérebro
apontando para as têmporas
Não existe mais magia no mundo...
terça-feira, 13 de março de 2012
Auto-avaliação
e não encontrei nada
sexta-feira, 9 de março de 2012
11- para a batcaverna
Posso definir os estantes em que estávamos caminhando para a minha casa como os mais reconfortantes e alegres da minha vida. Ela estava aninhada no meu ombro,e nossos passos em plena sintonia.
Jesus Cristo, ela só me conhecia há alguns dias... Dois dias! Teria ela passado pela mesma situação que eu? Teria ela sentido aquela necessidade de encontrar-nos? Eu não me importava com o tempo. A verdade é que eu passei em vinte e quatro horas, sensações que nunca avia sentido na minha vida, e mais intensamente que qualquer outra coisa por que já passei. Em outras palavras, ela era a mulher da minha vida. Ela era a minha vida.
Chegamos ao meu apartamento mais rápido do que eu imaginava, muito mais rápido do que eu desejava. Mais a pobre menina parecia ter medo de andar na rua de noite, então, foi um alivio para mim. Mas o alivio durou pouco. Subimos os três lances de escada e chegamos ao meu apartamento. Meu pequeno e humilde apartamento. Meu minúsculo e decadente apartamento. O meu desconfortavelmente apertado e descomunalmente esquálido apartamento. Cinzento da poeira e da tinta descascada das paredes. Tudo que eu tinha era minha cama quebrada, com o colchão estragado um lençol que há muito não lembro de ser lavado. Do lado da cama, um banquinho que eu uso como criado-mudo com duas ou três obras literárias que eu havia achado no lixo outrora, do qual grande parte já desencapados.
Esse era o cômodo principal. Mas havia um outro cômodo, o banheiro, que tinha uma latrina, uma pia grudada na parede e o chuveiro, que quando aberto inundava todo o apartamento, devido a ausência de um box para isolá-lo do resto do banheiro. Sem contar da água glacial que sai dele. Tudo isso separado do ‘resto’ do apartamento apenas por uma cortina de plástico.
Rezei para que no mínimo a única lâmpada do meu apartamento acendesse. Puxei a cordinha. Acendeu e então se apagou. Mas então se acendeu novamente, e apagou-se imediatamente. Finalmente ela acendeu, e permaneceu assim, tirando as falhas que aconteciam com certa decorrência.
“É bem humilde como você pode ver” eu disse constrangido até meu ultimo fio de cabelo. “Eu acho confortável” disse ela sorrindo para mim. Não consegui conter um sorriso em resposta “Ah, por favor...Não precisa falar assim. Eu sei que é um ambiente desagradável.” . Ela de súbito, pos-se diante de mim, pegou minhas mãos e beijou-as uma seguida da outra “Você não precisa disso... Eu gosto daqui porque você está aqui”. Boquiaberto, não pude conter uma pequena exclamação. Abracei-a. Abracei-a emocionado, o coração palpitando. Pousei a mão em sua nuca nua e trouxe sua cabeça para meu ombro. Ela assim que se viu livre da minha mão beijou-me. Eu senti minhas pernas bambearem. “Eu e amo” murmurei entre seus lábios. “É, eu sei... Eu também”