sexta-feira, 9 de março de 2012

11- para a batcaverna

Posso definir os estantes em que estávamos caminhando para a minha casa como os mais reconfortantes e alegres da minha vida. Ela estava aninhada no meu ombro,e nossos passos em plena sintonia.

Jesus Cristo, ela só me conhecia há alguns dias... Dois dias! Teria ela passado pela mesma situação que eu? Teria ela sentido aquela necessidade de encontrar-nos? Eu não me importava com o tempo. A verdade é que eu passei em vinte e quatro horas, sensações que nunca avia sentido na minha vida, e mais intensamente que qualquer outra coisa por que já passei. Em outras palavras, ela era a mulher da minha vida. Ela era a minha vida.

Chegamos ao meu apartamento mais rápido do que eu imaginava, muito mais rápido do que eu desejava. Mais a pobre menina parecia ter medo de andar na rua de noite, então, foi um alivio para mim. Mas o alivio durou pouco. Subimos os três lances de escada e chegamos ao meu apartamento. Meu pequeno e humilde apartamento. Meu minúsculo e decadente apartamento. O meu desconfortavelmente apertado e descomunalmente esquálido apartamento. Cinzento da poeira e da tinta descascada das paredes. Tudo que eu tinha era minha cama quebrada, com o colchão estragado um lençol que há muito não lembro de ser lavado. Do lado da cama, um banquinho que eu uso como criado-mudo com duas ou três obras literárias que eu havia achado no lixo outrora, do qual grande parte já desencapados.

Esse era o cômodo principal. Mas havia um outro cômodo, o banheiro, que tinha uma latrina, uma pia grudada na parede e o chuveiro, que quando aberto inundava todo o apartamento, devido a ausência de um box para isolá-lo do resto do banheiro. Sem contar da água glacial que sai dele. Tudo isso separado do ‘resto’ do apartamento apenas por uma cortina de plástico.

Rezei para que no mínimo a única lâmpada do meu apartamento acendesse. Puxei a cordinha. Acendeu e então se apagou. Mas então se acendeu novamente, e apagou-se imediatamente. Finalmente ela acendeu, e permaneceu assim, tirando as falhas que aconteciam com certa decorrência.

“É bem humilde como você pode ver” eu disse constrangido até meu ultimo fio de cabelo. “Eu acho confortável” disse ela sorrindo para mim. Não consegui conter um sorriso em resposta “Ah, por favor...Não precisa falar assim. Eu sei que é um ambiente desagradável.” . Ela de súbito, pos-se diante de mim, pegou minhas mãos e beijou-as uma seguida da outra “Você não precisa disso... Eu gosto daqui porque você está aqui”. Boquiaberto, não pude conter uma pequena exclamação. Abracei-a. Abracei-a emocionado, o coração palpitando. Pousei a mão em sua nuca nua e trouxe sua cabeça para meu ombro. Ela assim que se viu livre da minha mão beijou-me. Eu senti minhas pernas bambearem. “Eu e amo” murmurei entre seus lábios. “É, eu sei... Eu também”

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