Estava meio ressabiado. Estaria ela com frio? Olhei para seus pezinhos descalços, a ponta dos dedinhos rochas. Esfreguei meus pés nos dela. Como estavam gelados! “Você está com frio?” eu perguntei. Queria poder oferecer meu casaco para ela, mais ele estava molhado... E não ia adiantar nada. “Não” ela respondeu “Mesmo?” “Só um pouquinho. Mais não é nada. Não se preocupe” Me certifiquei de que minhas mãos estavam quentes e esfreguei o braço dela. Para tentar aquecê-la com o atrito. “Você é tão bonitinho...” ela disse e me beijou de novo. Eu senti que podia morrer naquele estante, afogado pelos seus beijos.
Senti os lábios dela tremerem contra os meus. Parei, bruscamente. Segurei seus ombros e fitei seu rosto. “O que há de errado?” perguntei. Ela desviou o olhar. “Por favor, você tem que me contar! Se você não me contar, eu não posso fazer nada!” eu implorei. De repente, ela começou a chorar. Tive um sobressalto. Era como eu estivesse triste e desesperado ao mesmo tempo. “Não chore, por favor. Me conte o que está acontecendo...” “eu só...” Ela começou a falar, em pranto “ Eu acho uma pena que tudo isso tenha que acabar” ela disse.
Eu a abracei “Não tem que acabar, não fale isso” agora quem estava tremendo era eu. “Mas é claro que tem que acabar” ela disse, tentando sair dos meus braços. “Não, mas que absurdo. Somos jovens e temos toda uma vida juntos pela frente!” “Justamente, temos uma vida toda pela frente, você não entende?” Ela segurou meu rosto “Vamos parar com isso, antes da monotonia, antes da decadência, antes de termos uma briga se quer, sem que a imagem que temos um do outro mude.Antes mesmo do amanha chegar. Vou ser para sempre sua Nateska e você será para sempre meu Alekisei. Para sempre! Nunca vou te esquecer, por mais que os anos passem, por mais que eu me case, tenha filhos, não importa o que a vida faça comigo, é você quem eu amarei para sempre. Para sempre meu primeiro amor” Meus lábios tremiam, eu segurei suas mãos. “Mas, porque tão cedo? Uma semana, só mais uma semana juntos, eu te peço” Ela fez um sinal negativo com a cabeça, eu estava quase pedindo de joelhos “Um dia, eu imploro, só mais um dia, e minha vida vai ter valido a pena” “Nem mais um segundo” Ela disse “Se não eu não vou conseguir ir embora” eu estava contendo as lagrimas sem sossego nos meus olhos. “Não, por favor, não faça isso. Não faça isso comigo, eu não sei se vou agüentar. Não vou conseguir viver sem você” então seu tom de voz mudou, ela parecia irritada “Pare homem! Não entende que só assim posso ser feliz? Não quer que eu seja feliz? Você não me ama?!” Pasmo comecei a gaguejar “Eu te amo mais que tudo no mundo” minha voz ficou tremula “Mas eu... Eu... Não podemos esperar até de manha?”. Ela se levantou “Já é de manha.”
Um silêncio. Dor, desespero, e uma vontade enlouquecida de aproveitar ao maximo os últimos segundos que tínhamos juntos.
Ajudei ela a se vestir. Abotoei cada um dos pequenos botões brancos que ela avia desabotoado anteriormente. Cabia a eu construir e a ela destruir.
Ela se calçou enquanto eu catava minhas meias. Onde estava minha regata? Não queria procurá-la. Queria aproveitar meus últimos segundos olhando para ela.
Ela já se dirigia apressada para a porta, antes mesmo de eu terminar de me calçar. Pulei desesperado da cama, antes que ela começasse a descer a escada.
Eu não podia chorar. Não podia se quer falar com ela. Se eu mudasse a imagem que ela tinha de mim, ela ia ficar triste, e a ultima coisa que eu queria no mundo era que ela ficasse triste. Queria pedir para ela me prometer que ela seria feliz pelo resto da vida. Mas não podia.
“Você fica aqui” ela disse parando-me com a mão no meu peito. Estávamos na saída do prédio. Tinha perdido a decida da escada pensando! Idiota! Devia ter ficado olhando para ela!
Precipitei-me, para um beijo de despedida. Nosso ultimo beijo. Mas ela não correspondeu. Senti meu coração parar de bater.
Ela foi se afastando, aos poucos, para a beira da rua. Eu não tinha dinheiro nem para pagar um taxi para ela. Ela fez sinal, e um taxi parou, ela abriu a porta e olhou para traz “Escreva nossa história” Ela gritou de longe “Escreva por mim”.
E essas foram suas ultimas palavras. Nossas ultimas palavras.
Ainda sentia os lábios dela nos meus. Sentia a mão dela no meu peito. Sentei na calçada. Ela já avia desaparecido no mundo há muito tempo.
E se ela se arrependesse? Daqui a vários e vários anos. Ela é tão jovem! Tão inocente! Devia ter alertado-a sobre isso. Falhei. Ela pode ser infeliz, e não há nada que eu possa fazer.
Comecei a chorar. Soluçava. Cada soluço doía.
Eu estava sozinho. Completamente sozinho. Para sempre. Sozinho, sentado na calçada suja e molhada. Era verdade, sim, que nunca ninguém me amou e nunca me amaria. Antes isso era tão comum, tão aceitável, mas agora... Agora doía! Doía como varias facadas no meu peito. Experimentei o que é amor por algumas horas, e para o resto da minha vida, vou lembrar como foi, sem nunca poder tentar novamente.
Ela existiu? Ela foi mesmo real? Já não podia mais dizer. Se foi um sonho, se foi verdade, não posso mais dizer. Não consigo nem definir dentro de minha mente se ela foi algo bom ou algo ruim para mim. Tão perfeita. Para todo o sempre, meu primeiro e único amor.
E eu escrevi nossa historia. Por ela e somente por ela. Quem eu mais amei, e para sempre vou amar, mais e mais a cada dia. Aquela que sequer sei seu nome.
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