sábado, 8 de outubro de 2011

7- Literatura Classica

“Então... Quer dizer que você acredita em sorte... Está com o jornal de baixo do braço. Lê o horóscopo?”. Eu virei para o lado, colocando as pernas no corredor. Preparado para ouvir a resposta dela. A voz dela. “Sim, eu leio mesmo. Mais não acredito.” Queria continuar ouvindo “ Eu gosto de ler e imaginar se tem alguém que realmente está passando por um momento ospiciozo na carreira, um inferno astral, sorte no amor...” ela parou de repente “Isso foi meio idiota não foi?”ela perguntou, insegura. Mil respostas na minha cabeça. “Não” “Mesmo?” “Mesmo, mesmo.”

Posso dizer que de horóscopo passamos para mitologia grega, que passamos para filosofia pré socrática, que passamos para antigo Egito, Elizabeth Taylor, pedras preciosas, voltamos para horóscopo, constelações, grandes navegações, descoberta do Brasil, inconfidência mineira, literatura clássica. Tudo. Fascinava-me, tudo que ela falava. Era meiga, bem humorada, criativa. Não posso dizer que nossas opiniões se coincidiam sempre, mais posso dizer que eram muito semelhantes, e quando não, tínhamos uma tolerância muito grande uma para com o outro. Senti meus joelhos tremerem, aquilo era muito bom. Não o tremor nos joelhos, claro, a conversa. Fazia anos que eu não conversava assim com alguém. Aliás, eu nunca avia conversado com alguém assim antes. Estávamos virados um para o outro.Um olhando nos olhos do outro. Nossos joelhos estavam quase se encostando.

Eu já estava muito contente por olhar para ela. Não ia nem tentar contato físico e arruinar todo. Mais me sentia meio tentado a encostar meu pé no dela. A culpa não era minha... Era ela que me atraia como um ímã. Mas me manti firme.Consciente , ou quase, de meus atos.

Ela havia me revelado que não consegue controlar o que fala. A verdade é que perto dela, também não conseguia controlar o que eu falava também. Ela fazia perguntas, tão entusiasmada, sobre a minha vida, os olinhos brilhando e curiosidade. Não conseguia evitar, acabava por contar tudo. Lembro-me bem de como ela o fez, quando saímos de inconfidência mineira para literatura clássica; “ ... Como retratou recentemente Cecília Benevides de Carvalho Meireles” “Sabe o nome dela completo?” perguntei, quase pasmo “sim, eu gosto bastante da narrativa dela. Acho incrível como ela consegue fazer com que sua linguagem se pareça tão arcaica quando ela nasceu nos tempos modernos, o romanceiro até se assemelha com as lusíadas em minha opinião.” Eu não concordava, era claro, mas ao eveis de me aprofundar nesse ponto preferi estender nossa conversa para outro lado “ Tem gente que acha linguagem arcaica algo incomodo Há quem diga que um bom escritor é quem consegue escrever de forma com que todos entendam” “E você partilha dessa opinião?” “Não.” “Nem, eu para mim um escritor é quem sabe escrever boas historias, como Alexandre Dumas, ou Machado de Assis” “Ou Dostoiévski” “Fiódor Dostoiévski! Sim, é um ótimo escritor! Adoro suas historias! Coração Fraco, O Sonho de um Homem Ridículo,O Crocodilo...” “Noites brancas” “Minha favorita! Seguida Os Irmãos Karamazov” “ Eu particularmente, prefiro Os Irmãos Karamazov. Não me agrada nada a idéia daquele pobre homem, não ver Nateska nunca mais. Ela se quer sabia seu nome. Já avia pensado nisso?” “Já avia sim. Mais acho que Noites brancas não é exatamente triste, é uma tristeza bonita. Ao contrario daqueles três pobres irmãos presos aquele pai imbecil que estraga a vida deles, do começo ao fim. É um livro sujo, sabe?” “Sei...” . Parei de pensar por alguns estantes. Ela se parecia muito com Nateska na realidade. Uma menina perfeita que apareceu do nada. “Eu me identifico muito com Aleksiei. Alguém que vive em meio ao caos e não pode fazer nada em relação há isso, apenas tapar as ouvidos e fechar os olhos.” “E quem não se sente assim também?” “Alguém com uma vida muito boa” “É mais fácil encontrar uma agulha em um palheiro que alguém que ache que tem uma vida muito boa.” Medi minhas palavras e revelei, displicente “Eu gosto da minha vida.” “Mais não acha ela muito boa” Sorri, ela sorriu “ Tem razão, não acho. Mas já cheguei a achar, já fiz exatamente o que eu gostaria de fazer pra viver” Novamente os olinhos brilharam de curiosidade. Como poderia eu resistir a aquilo? Segui cotando minha história “ Eu era redator. De uma editora de livros. Já cheguei a traduzir mais de trinta livros. Frances, Italiano, inglês, até mesmo russo! Quando começava a trabalhar, simplesmente não parava, até acabar. Foram noites e noites em claro, vivendo vidas que não eram a minha ” Parei bruscamente, foi ai que eu falei demais. “E o que você faz agora?”ela me perguntou. “Nada”. “Porque?” não cheguei a responder, mas eu vou revelar; Não sei.

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