Terça feira, 13 de junho de 1993. Mais especificamente, anteontem. Andava nas ruas, meio displicente.Deviam ser umas oito da manhã, estava todo mundo, aparentemente, acordado, manos eu, e ninguém parecia notar isso, o que é muito natural, uma vez que não é comum que as pessoas apressadas do centro notem nas outras, em mim, muito menos. O fato era que eu andava em pleno centro da cidade exatamente como avia acordado há poucos minutos. Poucos mesmo,cinco no maximo, mais em fim. Tinha o cabelo despenteado e a barba por fazer. As roupas grudavam no meu corpo, meladas, do suor noturno. Eu não uso pijama para dormir. Durmo de casaco, pois meu apartamento encana vento, é mais frio do que na rua.
Uso uma regata (não sei bem dizer a cor) uma blusa de lã grossa, e um casaco de lona, que vai até meus joelhos, demasiadamente comprido nas mangas, semelhante há uma capa de chuva, tirando que é um tanto permeável. Um tanto ,diga-se muito. Uso jeans surrados, botas com a sola quase soltando, compridas, luvas de dedo esfarrapadas, e um cachecol. As vezes uma boina, que eu ganhei, ainda moleque, do meu pai.
Olhei meu reflexo na vitrine de uma loja se sapatos. Como tenho cabelos e olhos escuros não consegui vê-los com muita nitidez, mais mesmo assim, consegui tirar a sujeira matinal dos meus olhos. Alguém de dentro da loja me olhou, por de dentro da vitrine. E eu saí, constrangido, meio correndo, para longe dali. Mais exatamente, até a padaria. Quando entrei no estabelecimento, já me dirigi a fila do pão amanhecido. Não me importo em comer o pão duro, pelo contrario, quando como, penso que impedi que a comida fosse jogada fora. Pego o pão quentinho, naqueles sacos de papelão, ele fica mais quietinho da segunda vez que sai do forno. Infelizmente minha intimidade com o pão é cruelmente cortada pelo olhar gélido da balconista. Mais gélido que a rua, ainda mais gélido que o meu apartamento. “Já ta na hora de pagar o que você deve em? Já fazem quase três semanas...” Antes eu ela termine, eu enfio a mão nos bolsos e tiro uma porção de moedas lá de dentro. Começo a contá-las. Mais eu me perco já na terceira moeda. Sou péssimo em matemática. Talvez por isso nunca encontre um emprego descente. Ou por isso não pare em nem um deles. “Quanto eu devo mesmo?” pergunto para encobrir minha aparente confusão. Ela suspira, impaciente, “Cinco” eu entrego metade das moedas. Ela conta, e por um segundo eu achei que ela fosse cuspir na minha cara “ainda faltam dois.” Ela fala ríspida. “ Eu pago amanha, ou depois, eu prometo” Digo, com toda a sinceridade do meu coração, apesar de não ser convincente. Eu pego a minha cadernetinha, que Ra para ser de endereços mais eu não uso pra isso. Uso pra tudo, menos isso. Anotei lá; Dois reais para a padaria da esquina. Procurei um canto para por a data. Mais não sabia que dia era hoje. Levantei os olhos para perguntar para a balconista, mais derrepente, me senti meio desconfortável para isso, meio inseguro. Engoli em seco e perguntei “Que dia é hoje?” ela me apontou um pequeno calendário de papel. Dia 13. Sorri e anotei em minha cadernetinha azul.
Dia ao contrario das outras pessoas é meu dia de sorte, brincadeiras a parte, deve ser porque todos os outros dias são dias do azar para mim. Não sou lá dos mais sortudos.
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